Page 287 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 287
- Está bem, mas escuta. Pega por exemplo o teu caso com essa pequena
chinesa. O quê que é tão bom entre vocês dois?
- Chega, já falei.
Concordo que estava começando a me intrometer muito na vida dele. Mas
isso era uma das coisas irritantes no Luce. Quando estávamos no Whooton, ele
exigia uma descrição dos troços mais íntimos que tinham acontecido com a
gente, mas, se a gente começava a fazer perguntas sobre ele, aí ficava
aborrecido. Esses camaradas intelectuais não gostam de ter uma conversa
intelectual com ninguém, a não ser que estejam controlando a coisa toda.
Querem sempre que a gente se cale quando eles se calam, e volte para o quarto
quando eles voltam para os quartos deles. No Whooton, o Luce ficava uma fera -
a gente via logo que ficava - quando ele acabava mais uma de suas conferências
sobre sexo para um bando de caras no quarto dele, e nós ainda resolvíamos
esticar o papo mais um pouco. Quer dizer, eu e alguns colegas. No quarto de
outra pessoa. O Luce ficava tinindo de raiva. Queria que todo mundo voltasse
para seus próprios quartos e calasse a boca depois que ele acabava de deitar
falação. Ele tinha era medo de que alguém dissesse alguma coisa mais
inteligente do que ele. Ele me divertia um bocado.
- Acho que vou para a China. Minha vida sexual é uma porcaria - falei.