Page 136 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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para as alunas, mas eu tinha bolado tudo. Ia dizer que era o tio dela. Ia dizer que
a tia dela havia acabado de morrer num desastre de automóvel e que eu precisava
falar imediatamente com a Jane. Tenho certeza que teria dado certinho. Só não
fui em frente porque não estava com disposição. É impossível fazer um troço
desses direito se a gente não está disposto.
Depois de algum tempo, sentei numa cadeira e fumei uns dois cigarros.
Estava me sentindo o último dos mortais, essa é que é a verdade. Aí de repente,
me deu um estalo. Apanhei a carteira e comecei a procurar um endereço que me
havia sido dado por um sujeito da Universidade de Princeton, que eu tinha
conhecido numa festa no verão anterior. Acabei encontrando. O papel já tinha
ficado com uma cor esquisita, por causa da carteira, mas dava para ler. Era o
telefone de uma garota que o cara da Princeton tinha me dito que não era
propriamente uma prostituta nem nada, mas topava uma brincadeira de vez em
quando. Uma vez ele a levou a um baile em Princeton e quase foi expulso da
Universidade. Ela fazia strip-tease em revistas musicais ou coisa parecida. De
qualquer jeito, peguei o telefone e disquei o número dela. Chamava-se Faith
Cavendish e vivia no Hotel Stanford Arms, na esquina da rua Sessenta e Cinco
com a Broadway. Na certa uma espeluncazinha.
Por um momento cheguei a pensar que ela não estava em casa ou coisa que
o valha. Ninguém respondia. Finalmente, alguém atendeu.
- Alô? - falei. Arranjei uma voz bastante grossa, para que ela não
desconfiasse da minha idade nem nada. Mesmo sem forçar tenho uma voz um