Page 294 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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imbecil de que estava com uma bala na barriga. Eu era o único sujeito no bar
com uma bala no bucho. Fiquei botando a mão debaixo do paletó, em cima do
estômago, para evitar que pingasse sangue pelo chão todo. Não queria que
ninguém soubesse nem que eu estava ferido. Tinha que ocultar aquilo de
qualquer maneira. Afinal, me deu vontade de bater um fio para a Jane e ver se
ela já estava em casa. Aí paguei minha conta e tudo, e fui até à cabine telefônica.
Continuei com a mão embaixo do paletó para impedir que o sangue pingasse
pelo chão. Puxa, que porre!
Mas, quando entrei na cabine, já estava quase sem vontade de falar com
Jane. Acho que estava bêbado demais. Em vez disso, telefonei mesmo para a
Sally Hayes.
Tive de discar umas vinte vezes até acertar. Eu mal enxergava os números.
- Alô - falei, quando alguém atendeu a porcaria do telefone. Acho que
estava gritando, de tão bêbado.
- Quem fala? - perguntou uma voz de mulher, fria pra burro.