Page 96 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Disse que ele, se quisesse, que fosse lavar sua cara de boçal. Era o tipo da
resposta infantil, mas eu estava com uma raiva desgraçada. Disse ainda que, no
caminho do banheiro, desse uma parada e mandasse uma brasinha na Sra.
Schmidt. A Sra. Schmidt era a mulher do zelador. Andava aí pelos sessenta e
cinco anos.
Fiquei sentado no chão até ouvir o Stradlater fechar a porta e seguir para o
banheiro, no fim do corredor. Então me levantei. Não conseguia achar a droga do
meu chapéu de caça em lugar nenhum. Procurei um pouco mais e acabei
encontrando, debaixo da cama. Botei-o na cabeça e virei a aba para trás, até ficar
como eu gostava. Aí fui até o espelho dar uma olhada na minha cara de imbecil.
Garanto que ninguém nunca viu ferimento igual àquele. Tinha sangue espalhado
pela boca e pelo queixo, e até no pijama e no roupão. Fiquei meio assustado e
meio fascinado. Todo aquele sangue me dava um jeitão de machão. Na minha
vida inteira só tinha entrado numas duas brigas, e apanhei nas duas vezes. Não
sou muito de briga. Para dizer a verdade, eu sou é pacifista.
Tinha a impressão de que o Ackley tinha ouvido a bagunça toda e estava
acordado. Por isso atravessei as cortinas do banheiro que ficavam entre o quarto
dele e o nosso, só para ver o que ele estava fazendo. Eu quase nunca ia ao quarto
dele, porque o sacana era tão relaxado em seus hábitos pessoais que o quarto
dele sempre tinha um fedor meio esquisito.