Page 129 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Assim que cheguei à Estação Pennsylvania fui entrando na primeira cabine
telefônica que encontrei. Me deu vontade de telefonar para alguém. Deixei as
malas do lado de fora, junto à cabine, para poder vigiá-las, mas, lá dentro, não
consegui pensar em ninguém para telefonar. Meu irmão D. B. mora em
Hollywood. Minha irmã menor, a Phoebe, vai para a cama lá pelas nove horas -
por isso não podia ligar para ela. Ela não se importaria nem um pouquinho se eu
a acordasse, mas o problema é que não era ela quem ia atender; ia ser meu pai ou
minha mãe, e isso estava fora do programa. Aí tive a ideia de ligar para a mãe da
Jane Gallagher e saber quando começavam as férias dela, mas a ideia não me
entusiasmou muito. Além disso, era um bocado tarde. Aí pensei em telefonar
para essa garota com quem eu costumava sair, a Sally Hayes, que já estava em
casa para as férias de Natal - ela tinha me escrito uma baita duma carta, cretina
pra chuchu, me convidando para ajudá-la a arrumar a árvore de Natal e tudo -
mas fiquei com medo que a mãe dela atendesse. A mãe dela e a minha se
conheciam e a imaginei logo correndo para o telefone para contar à minha velha
que eu estava em Nova York. Além disso, não morria de desejos de falar com a
velha Hayes: uma vez ela tinha dito a Sally que eu era maluquinho e
desorientado. Aí pensei em ligar para um antigo colega do Colégio Whooton, o
Carl Luce, mas não ia muito com a cara dele. No fim das contas, acabei sem
telefonar para ninguém. Depois de ficar uns vinte minutos lá dentro, saí da
cabine, apanhei as malas e andei até o túnel onde param os táxis.