Page 149 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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A não ser por uns caras com pinta de gigolôs e umas louras com pinta de
vagabundas, o saguão estava meio deserto. Mas vinha música do Salão Lavanda,
por isso fui para lá. Apesar de meio vazio, me deram uma mesa horrível, bem no
fundo. Eu devia ter sacudido uma nota no nariz do maître. Em Nova York, a
gente fica sabendo que é verdade essa estória de que o dinheiro fala - é sério.
A orquestra era o fim. Buddy Singer. Uma porção de metais, mas metal
ruim como o quê. Também havia muito pouca gente da minha idade lá dentro.
No duro mesmo, não vi ninguém da minha idade. Quase tudo coroa, desfilando
com suas garotas. Menos na mesa à minha direita, onde estavam três pequenas
que deviam andar beirando os trinta anos. Todas as três eram um bocado feias e,
pelo tipo de chapéu que usavam, estava na cara que não eram de Nova York.
Uma delas, a loura, não era de todo má. Era engraçadinha, a loura, e comecei a
dar em cima dela, devagar, mas aí o garçon veio me atender. Pedi uísque com
soda e disse para não misturar - falei depressa pra burro, porque se a gente
gagueja eles percebem que a gente tem menos de vinte e um, e não vendem
bebida alcoólica. Mesmo assim me estrepei.
- Desculpe, cavalheiro - ele disse - mas o senhor tem alguma prova de
idade? Sua carteira de motorista, por exemplo?
Joguei um olhar frio pra chuchu em cima do sujeito, como se ele tivesse
me ofendido, e perguntei: