Page 369 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 369
- Por quê?
- Ah, sei lá. Aquela estória de digressão me chateava. Sei lá. O problema
comigo é que eu gosto quando um sujeito sai do assunto. É mais interessante e
tudo.
- Você não gosta que uma pessoa seja objetiva quando conta uma estória?
- Claro! Gosto que a pessoa seja objetiva e tudo. Mas não gosto que seja
objetiva demais. Não sei. Acho que não gosto quando a pessoa é objetiva o
tempo todo. Os garotos que conseguiam as melhores notas em Expressão Oral
eram objetivos o tempo todo, isso eram. Mas tinha um garoto, o Richard
Kinsella. Ele não era muito objetivo e a turma vivia gritando "Digressão !"
quando ele falava. Era horrível. Primeiro porque ele era um cara muito nervoso.
Isso mesmo, nervosíssimo - e, quando chegava a hora de falar, os lábios dele
começavam a tremer e, do fundo da sala, a gente mal conseguia ouvir o que ele
estava dizendo. Mas, quando os lábios dele paravam um pouco de tremer, eu
gostava dos discursos dele mais do que os de qualquer outro sujeito. Ele também
quase foi reprovado. Passou raspando, porque a turma vivia gritando "Digressão
!" para ele. Por exemplo, ele fez um discurso sobre uma fazenda que o pai dele
tinha comprado em Vermont. O tempo inteirinho que ele falou a turma ficou