Page 371 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Eu não estava com muita vontade de pensar e responder e tudo. Estava
com dor de cabeça e me sentia podre. Estava até com um pouco de dor de
barriga, para falar a verdade.
- Acho... Sei lá. Acho que sim. Quer dizer, acho que devia ter escolhido o
tio como tema, em vez da fazenda, se isso era mais interessante para ele. Mas o
caso é que, muitas vezes, a gente só descobre o que interessa mais na hora que
começa a falar sobre uma coisa que não interessa muito. Quer dizer, às vezes a
gente não consegue evitar isso. O que eu acho é que a gente deve deixar em paz
uma pessoa que começa a contar uma estória, se a estória é pelo menos
interessante e o sujeito se anima todo com o assunto. Gosto de ver uma pessoa
ficar toda animada com o assunto. É bonito. O senhor não conhece esse
professor, o tal do Vinson. Ele às vezes deixava a gente maluco, ele e a droga da
turma. Vivia dizendo à gente para unificar e simplificar. Há coisas que a gente
simplesmente não pode fazer assim. O negócio é que a gente quase nunca
consegue simplificar e unificar um troço, só porque alguém mandou. O senhor
não conhece esse camarada, o Professor Vinson. Era muito inteligente e tudo,
mas estava na cara que era meio tapado.
- Café, senhores, enfim - disse a senhora Antolini. Entrou com uma bandeja
com café e bolos e outros troços. - Holden, nem olhe na minha direção. Estou
uma coisa.
- Como vai a senhora? - falei. Fiz menção de me levantar e tudo, mas o
Professor Antolini me segurou pelo paletó e me obrigou a sentar. Ela estava com