Page 6 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 6
contos fabuloso, O Misterioso Peixinho Dourado. O melhor conto do livro era a
estória do garotinho que não deixava ninguém ver seu peixe dourado, só porque
o tinha comprado com seu próprio dinheiro. Achei o máximo. Agora D.B. está
em Hollywood, se prostituindo. Se há coisa que eu odeie, é cinema. Não posso
nem ouvir falar de cinema perto de mim.
Vou começar a contar do dia em que saí do Internato Pencey. O Pencey é
aquele colégio em Angerstown, na Pennsylvania. Já devem ter ouvido falar nele,
ou pelo menos visto os anúncios. Eles fazem propaganda em mais de mil
revistas, mostrando sempre um sujeito bacana, a cavalo, saltando uma cerca.
Parece até que lá no Pencey a gente passava o tempo todo jogando pólo. Pois
nunca vi um cavalo por lá, nem mesmo para amostra. E, embaixo do desenho do
sujeito a cavalo, vem sempre escrito: "Desde 1888 transformamos meninos em
rapazes esplêndidos e atilados". Pura conversa fiada. Não transformam ninguém
mais do que qualquer outro colégio. E não vi ninguém por lá que fosse
esplêndido e atilado. Talvez dois sujeitos, se tanto. E esses, com certeza, já
chegaram lá assim.
De qualquer modo, era o sábado do jogo de futebol com o Saxon Hall,
considerado um grande acontecimento no Pencey. Último jogo do ano, era caso
para suicídio ou coisa parecida se o Pencey não vencesse. Lembro-me que eram
umas três horas da tarde, e eu, em pé, lá em cima do morro, bem ao lado de um
canhão maluco da Guerra da Independência.
Dali podia ver o campo todo, os dois times se massacrando por toda a