Page 9 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Odeio isso. Não importa que seja uma despedida ruim ou triste, mas, quando
saio de um lugar, gosto de saber que estou dando o fora. Se a gente não sabe, se
sente pior ainda.
Mas dessa vez dei sorte. De repente pensei num troço que me ajudou a
sentir que estava dando o fora. Lembrei de um dia, por volta de outubro, em que
eu, Robert Tichener e Paul Campbell estávamos batendo bola em frente das salas
de aula. Bons sujeitos, especialmente o Tichener. Era pouco antes da hora do
jantar e já estava escurecendo, mas continuamos a jogar assim mesmo. Foi
ficando cada vez mais escuro, a gente quase não via mais a bola, mas não
queríamos parar nossa brincadeira. Afinal tivemos que parar. Um tal de Zambesi,
professor de biologia, pôs a cabeça para fora da janela e mandou que fôssemos
para o dormitório, nos preparar para o jantar. Se dou a sorte de lembrar um troço
desses, consigo preparar uma despedida - pelo menos é o que basta na maioria
das vezes.
Feito isto, dei meia volta e saí correndo morro abaixo, na direção da casa
do velho Spencer. Ele não morava no colégio; a casa dele era na Avenida
Anthony Wayne.
Corri até o portão principal do colégio e aí parei um instante, até retomar
fôlego. Para dizer a verdade, não tenho fôlego nenhum. Primeiro, porque fumo
demais - quer dizer, fumava, pois eles me fizeram parar. Segundo, porque cresci
dezesseis centímetros e meio no ano passado. Foi por isso que quase fiquei
tuberculoso e tive que vir para cá, fazer essa droga desses exames e tudo. Mas