Page 114 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Era muito tarde para chamar um táxi ou coisa parecida, por isso fui mesmo
a pé até a estação. Não era tão longe, mas fazia um frio danado, a neve
dificultava a caminhada e as malas iam chacoalhando como umas desgraçadas
de encontro a minhas pernas. Mas, de qualquer maneira, até que me sentia bem
com o ar puro e tudo. O único problema era que o frio fazia meu nariz doer, e
aumentava a dor que eu já estava sentindo na parte de dentro do meu lábio
superior, onde o safado do Stradlater tinha me acertado. Ele tinha arrebentado
meu lábio contra os dentes, e estava doendo pra chuchu. Mas minhas orelhas
estavam bem quentinhas. Aquele chapéu que eu havia comprado tinha protetores
de orelha, que eu tratei de abaixar. Estava pouco ligando para minha aparência.
Tive bastante sorte quando cheguei na estação, porque só precisava esperar
uns dez minutos pelo próximo trem. Enquanto esperava, apanhei um bocado de
neve e lavei minha cara, que ainda estava cheia de sangue.