Page 115 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Normalmente, eu gosto de andar de trem, principalmente de noite, com as

               luzes  acesas  e  as  janelas  tão  escuras,  e  um  desses  sujeitos  passando  pelo
               corredor,  vendendo  café,  sanduíches  e  revistas.  Normalmente  eu  compro  um
               sanduíche de presunto e mais ou menos quatro revistas. Num trem, de noite, sou
               até capaz de ler uma dessas estórias imbecis sem vomitar de nojo. Uma dessas
               estórias com uma porção de machões de queixo ossudo, chamados David, e uma
               porção  de  garotas  bestas,  chamadas  Linda  ou  Márcia,  que  estão  sempre
               acendendo  os  cachimbos  dos  David  para  eles.  Normalmente,  consigo  ler  até

               mesmo  uma  dessas  estórias  cretinas  se  estou  andando  de  trem,  de  noite.  Mas
               dessa vez foi diferente. Pura e simplesmente, não estava no estado de espírito
               necessário. Fiquei só sentado, sem fazer nada. A única coisa que fiz foi tirar meu
               chapéu de caça e guardá-lo no bolso.










                      De repente, uma dona tomou o trem em Trenton e sentou ao meu lado. Já
               era um bocado tarde e tudo, e por isso o vagão estava praticamente vazio, mas
               ela  sentou  bem  ao  meu  lado,  e  não  em  qualquer  banco  vazio,  porque  vinha

               carregando uma mala enorme e eu estava logo no primeiro banco. Deixou a mala
               bem no meio do corredor, onde o condutor ou qualquer um podia tropeçar nela.
               Estava usando umas orquídeas, como se tivesse acabado de sair de uma baita
               duma festa ou coisa parecida. Acho que ela devia ter uns quarenta ou quarenta e
               cinco anos, mas era um bocado bonita. Sou doido por mulher. No duro. Não que
               eu seja nenhum tarado nem nada, embora seja bastante macho. O negócio é que

               eu gosto mesmo das mulheres. Elas estão sempre deixando a porcaria das malas
               delas bem no meio dos corredores.










                      De  qualquer  modo,  nós  estávamos  sentados  lá  e,  de  repente,  ela  me
               perguntou:
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