Page 159 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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beleza ou mesmo que sejam meio burras, a gente fica apaixonado por elas, e aí
não sabe mais a quantas anda. Garotas. Puxa vida, elas deixam a gente louco.
Deixam mesmo.
Não me convidaram para sentar - eram ignorantes demais para isso - mas
sentei assim mesmo. O nome da loura com quem eu estava dançando era Bernice
qualquer coisa - Crabs ou Krebs. As duas feiosas se chamavam Marty e Laverne.
Só de farra eu disse que meu nome era Jim Steele. Aí tentei começar um papo
inteligente, mas era praticamente impossível. Só torcendo o braço delas. Era
difícil dizer qual das três era a mais burra. E todas não paravam de se virar para
tudo quanto era canto, como se esperassem que um bando de artistas de cinema
fosse entrar a qualquer momento. Com certeza pensavam que os artistas de
cinema, quando iam a Nova York, frequentavam sempre o Salão Lavanda, em
vez do Stork Club ou do El Morocco. Enfim, levei mais de meia hora para
descobrir onde elas trabalhavam e tudo, lá em Seattle. Eram colegas de escritório
em uma companhia de seguros. Perguntei se gostavam do emprego, mas até
sobre um troço desses era impossível obter uma resposta inteligente daquelas
três imbecis. Pensei que as duas feias, Marty e Laverne, fossem irmãs, mas
ficaram muito ofendidas quando perguntei. Estava na cara que nenhuma das
duas queria ser parecida com a outra, o que era compreensível. Mas, de qualquer
maneira, não deixava de ser engraçado.
Dancei com todas elas - todas as três - uma de cada vez. Uma das feiosas, a
Laverne, não dançava mal de todo, mas dançar com a tal de Marty era o mesmo
que arrastar a Estátua da Liberdade pelo salão. A única maneira de me divertir
enquanto arrastava ela para um lado e para o outro era fazendo uma horinha.
Então disse a ela que tinha acabado de ver o Gary Cooper, o artista de cinema,
do outro lado do salão.