Page 163 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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De repente, no caminho para o vestíbulo, comecei a pensar novamente na
Jane Gallagher. Aí não houve mais jeito de tirá-la da cabeça. Quando cheguei lá,
me sentei numa poltrona caindo aos pedaços e fiquei pensando na Jane e no
Stradlater, metidos na porcaria do carro do Ed Banky. Por mais certeza que
tivesse de que o Stradlater não tinha conseguido nada com ela - conheço a Jane
como a palma da minha mão - mesmo assim não conseguia tirar o troço da
cabeça. Conhecia a Jane como a palma da minha mão, no duro. Além de jogar
damas, ela gostava de esportes e, depois que ficamos amigos, passamos o verão
todo juntos, jogando tênis de manhã e golfe de tarde. Chegamos mesmo a ter
bastante intimidade. Não que tenha havido qualquer coisa de físico nem nada -
porque não houve mesmo - mas nós passávamos o dia todo juntos. A gente não
precisa entrar sempre nesse negócio de sexo para conhecer direito uma garota.
Nós nos conhecemos por causa do cachorro dela, um Dobermann, que
vinha se aliviar todo dia no nosso gramado. Minha mão ficava danada da vida, e
um dia telefonou para a mãe de Jane e fez um escândalo daqueles por causa do
cachorro. Minha mãe é capaz de fazer um bruto escândalo por causa de uma
besteira dessas. Aí, alguns dias depois, vi a Jane deitada de bruços na beira da
piscina do clube. Cheguei e dei um olá para ela. Sabia que era nossa vizinha,