Page 162 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Com os cigarros e tudo, a conta chegou a uns treze dólares. Achei que
deviam ao menos se oferecer para pagar os drinques que tomaram antes de eu
chegar - eu não ia aceitar, é claro, mas elas deviam ao menos se oferecer.
Também não dei muita bola. Elas eram tão ignorantes, e ainda por cima usavam
aqueles chapéus pavorosos, uma tristeza. E esse negócio de levantar cedo para
ver a primeira sessão no Radio City Music Hall, isso me deprimia. Se alguém,
alguma pequena com um chapéu horrível, vem a Nova York - lá de Seattle,
Estado de Washington, pôxa - e acaba se levantando de madrugada para ir à
droga da primeira sessão do Radio City Music Hall, isso me deprime tanto que
não agüento. Eu teria pago cem drinques para elas se simplesmente não me
tivessem dito aquilo.
Saí logo depois do Salão Lavanda. Já estava fechando mesmo, e fazia
muito tempo que a orquestra tinha ido embora. Antes de mais nada, o Salão
Lavanda era um desses lugares horríveis de se ficar, a não ser que se esteja com
alguém que dance bem, ou que o garçon deixe a gente tomar uma bebida
decente, em vez de Coca-Cola. Não há uma boate no mundo onde a gente possa
ficar muito tempo, a não ser que tome umas e outras e fique logo de porre. Ou
então, a não ser que a gente esteja com alguma garota que deixe o sujeito
maluco.