Page 169 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 169

12




















                      O táxi que tomei era velho pra chuchu e cheirava como se alguém tivesse
               acabado de vomitar ali mesmo. Sempre que tomo um táxi de madrugada, tem

               que estar fedendo a vômito. E o pior é que a rua estava um bocado silenciosa e
               deserta, embora fosse uma noite de sábado. Não se via quase ninguém. Aqui e
               ali tinha um homem e uma mulher atravessando a rua, abraçados pela cintura e
               tudo, ou um grupo de imbecis com as namoradas, todos rindo como umas hienas
               de qualquer coisa que, aposto, não tinha a menor graça. Nova York é terrível
               quando alguém ri de noite na rua; pode-se ouvir a gargalhada a quilômetros de

               distância. É o tipo do troço que faz a gente se sentir só e deprimido. Continuava
               com vontade de ir para casa e fazer um pouco de hora com a Phoebe. Mas afinal,
               depois de algum tempo no táxi, eu e o chofer começamos a conversar. O nome
               dele era Horwitz. Era um sujeito muito mais simpático do que o outro motorista
               com quem eu tinha andado antes. Seja como for, pensei que ele talvez soubesse
               alguma coisa sobre os patos.










                      - Êi, Horwitz. Você conhece aquele laguinho no Central Park? Aquele lá

               pro lado sul?
   164   165   166   167   168   169   170   171   172   173   174