Page 309 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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maior quarto da casa. E também por causa da escrivaninha maluca que tem lá,

               que o D. B. comprou de uma mulher alcoólatra em Filadélfia, e da cama enorme,
               gigantesca, de dez quilômetros de comprimento por dez de largura. Não sei onde
               ele conseguiu comprar aquela cama. Seja como for, a Phoebe adora dormir no
               quarto do D. B. quando ele está fora, e ele não se importa. Vale a pena ver a
               Phoebe fazendo os trabalhos de casa naquela escrivaninha maluca. É quase tão
               grande quanto a cama, mas a Phoebe adora um troço desses. Não gosta do quarto
               dela  porque  acha  muito  pequeno.  Ela  diz  que  precisa  se  espalhar,  e  eu  me

               esbaldo com isso. O que é que ela tem para espalhar? Nada.










                      De qualquer forma, entrei de mansinho no quarto do D. B. e acendi a luz
               da escrivaninha. Phoebe nem acordou. Fiquei olhando para ela, com a luz acesa
               e tudo. Estava espichada ali, dormindo, com o rosto meio de lado, para fora do
               travesseiro.  A  boca  entre-aberta.  É  gozado,  os  adultos ficam horríveis quando
               estão dormindo de boca aberta, mas as crianças não. As crianças ficam cem por
               cento. Podem até ter babado todo o travesseiro, que continuam cem por cento.










                      Dei uma volta pelo quarto, bem devagar e tudo, olhando as coisas. Para

               variar,  estava  me  sentindo  muito  bem.  Nem  me  lembrei  mais  que  podia  ter
               apanhado uma pneumonia nem nada. Só para variar, estava me sentindo bem e
               mais nada. A roupa da Phoebe estava em cima da cadeira, perto da cama. Para
               uma criança, ela é muito arrumada. Por exemplo, não atira as coisas dela por
               todos os lados, como a maioria das crianças. Não é nenhuma relaxada. O casaco
               do costume havana que minha mãe havia trazido do Canadá estava nas costas da
               cadeira. A blusa e os outros troços estavam no assento. Os sapatos e as meias no

               chão, debaixo da cadeira, bem juntinho um do outro. Nunca tinha visto aqueles
               sapatos, deviam ser novos. Eram uns mocassins marron-escuro, parecidos com
               os  meus,  e  combinavam  um  bocado  com  o  costume  que  minha  mãe  tinha
               comprado no Canadá. Minha mãe veste a Phoebe muito bem, no duro. Minha
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