Page 219 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Dormi pouco, porque eram só umas dez horas quando acordei. Fumei um
cigarro e logo depois senti uma fome desgraçada. Não tinha comido nada desde
aqueles dois hamburgers com o Brossard e o Ackley, quando fomos ao cinema
em Agerstown. Já fazia um bocado de tempo, parecia que tinha sido uns
cinquenta anos antes. O telefone estava pertinho de mim e tive vontade de pedir
o café no quarto, mas fiquei com medo que mandassem o Maurice trazer. Para
ser franco, não estava lá muito ansioso por vê-lo de novo. Por isso, fiquei
rolando na cama algum tempo e acendi outro cigarro. Pensei em dar um
telefonema para a Jane, para ver se ela já estava em casa e tudo, mas a ideia não
chegou a me entusiasmar.
O que fiz foi ligar para a Sally Hayes. Ela estudava no Colégio Mary A.
Woodruff e eu sabia que já devia ter voltado para casa, por causa da carta que eu
tinha recebido umas duas semanas antes. Ela não me atraía muito, embora eu a
conhecesse há anos. Antigamente eu achava a Sally muito inteligente, mas só de
burro que eu sou. Só porque ela entendia de teatro, e peças, e literatura e todo
esse negócio. Quando as pessoas sabem um bocado sobre essas coisas, a gente
leva um tempão para descobrir se são burras ou não. No caso da Sally eu levei
anos. Com certeza teria descoberto muito antes, se nós não tivéssemos namorado