Page 243 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Enquanto andava, fui tirando o chapéu de caça do bolso e pus na cabeça.
Tinha certeza que não ia encontrar nenhum conhecido e estava uma umidade
desgraçada. Andei e andei, e continuei pensando na Phoebe, indo todo sábado ao
museu assim como eu ia antigamente. Fiquei pensando que ela ia ver todos
aqueles troços que eu tinha visto antigamente, e que ela estaria diferente cada
vez que fosse lá. Não cheguei a ficar deprimido de pensar nisso, mas não vou
dizer que tenha ficado alegre como o diabo. Há coisas que deviam ficar do jeito
que estão. A gente devia poder enfiá-las num daqueles mostruários enormes de
vidro e deixá-las em paz. Sei que isso não é possível, mas é uma pena que não
seja. De qualquer maneira, continuei a pensar em tudo isso enquanto ia andando.
Passei por um playground e parei para ver dois garotinhos bem pequenos
numa gangorra. Um deles era meio gorducho, e eu quis dar uma ajuda ao
magricela para ver se equilibrava o peso. Mas estava na cara que eles não me
queriam por ali, por isso deixei os dois sozinhos.
Aí aconteceu uma coisa engraçada. Quando eu cheguei ao museu, de
repente, senti que não entraria lá nem por um milhão de dólares. O museu
simplesmente não me atraía - e ali fiquei eu, depois de ter atravessado toda a
droga do parque, pensando em visitar de novo o museu e tudo. Se a Phoebe
estivesse lá eu provavelmente ainda teria entrado, mas ela não estava. O que fiz
foi tomar um táxi na frente do museu e seguir para o Biltmore. Já não tinha a
mínima vontade de ir. Mas o fato é que tinha marcado aquela droga daquele
encontro com a Sally.