Page 34 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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                      Sou o maior mentiroso do mundo. É bárbaro. Se vou até a esquina comprar
               uma revista e alguém me pergunta onde é que estou indo, sou capaz de dizer que

               vou a uma ópera. É terrível. Por isso, quando disse ao velho Spencer que tinha
               de ir ao ginásio apanhar o meu equipamento, era pura mentira. Nem costumo
               deixar a droga de meu equipamento no ginásio.










                      Meu quarto no Pencey ficava no Pavilhão Ossenburger, uma ala nova de
               dormitórios.  Era  reservada  para  alunos  do  terceiro  e  do  quarto  ano.  Eu  era
               terceiranista e meu colega de quarto estava no último ano. O Pavilhão tinha sido
               batizado em homenagem a um ex-aluno do Pencey, um tal de Ossenburger, que
               tinha ganho um montão de dinheiro como agente funerário depois que saiu do

               colégio. Foi ele quem lançou em todo o país aquelas agências funerárias em que
               a gente pode enterrar qualquer membro da família por cinco dólares cada. Valia a
               pena  ver  o  tal  de  Ossenburger.  Pelo  jeito,  ele  provavelmente  enfiava  os
               cadáveres num saco e jogava tudo no rio. De qualquer maneira, havia doado uma
               fortuna ao Pencey e batizaram nossa ala com o nome dele. No dia do primeiro

               jogo  de  futebol  do  ano  ele  apareceu  no  colégio,  metido  numa  baita  duma
               Cadillac, e todo mundo teve que ficar de pé na arquibancada e lhe dar uma bruta
               salva de palmas. No dia seguinte, na capela, fez um discurso que durou umas dez
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