Page 399 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Aí comecei a subir a escada em direção ao gabinete do diretor, para
arranjar alguém que entregasse o bilhete a ela na sala de aulas. Dobrei o papel
umas dez vezes, para que ninguém o abrisse. Não se pode confiar em ninguém
numa porcaria duma escola. Mas, como eu era irmão dela e tudo, sabia que eles
entregariam o bilhete.
De repente, enquanto subia a escada, pensei outra vez que ia vomitar. Só
que não vomitei. Sentei um minuto e me senti melhor. Mas, enquanto estava
sentado, vi uma coisa que me deixou maluco de raiva. Alguém tinha escrito
"Foda-se" na parede. Fiquei furioso de ódio. Imaginei a Phoebe e todas as outras
crianças lendo o que estava escrito: iam ficar pensando que diabo significava
aquilo, até que, afinal, algum garoto sujo ia dizer a elas - naturalmente tudo
errado - o que queria dizer aquela palavra. E elas todas iam ficar pensando na
coisa, e talvez até se preocupando com aquilo durante alguns dias. Me deu
vontade de matar o safado que tinha escrito aquilo. Imaginei que devia ter sido
algum tarado, que havia entrado escondido na escola tarde da noite, para dar
uma mijada ou coisa parecida, e aí tivesse escrito aquilo na parede. Me imaginei
pegando o sacana em flagrante e batendo com a cabeça dele nos degraus de
pedra, até que ele estivesse todo ensanguentado e bem morto. Mas eu sabia
também que não ia ter coragem de fazer um negócio desses. Sabia disso e fiquei
ainda mais deprimido. Eu quase não tinha coragem nem mesmo de apagar o
troço com a mão, para dizer a verdade. Fiquei com medo de que algum professor
me pegasse apagando e pensasse que eu é que tinha escrito aquilo. Mas,
finalmente, acabei apagando. Aí subi para o gabinete do diretor.
Acho que o diretor não estava por lá, mas uma velhinha de uns cem anos
de idade estava sentada, batendo a máquina. Eu disse que era irmão da Phoebe