Page 234 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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fez sentir melhor. Deixei de me sentir tão deprimido.
A Broadway estava uma bagunça, de tanta gente. Era domingo, mais ou
menos meio-dia, e já estava entupida de gente. Todo mundo estava indo para o
cinema - Paramount, ou Astor, ou Capitol, ou qualquer droga parecida. Todo
mundo estava enfatiotado, só porque era domingo, e isso ainda piorava a coisa.
O pior mesmo de tudo é que a gente via logo que todo mundo queria ir ao
cinema. Eu não conseguia nem olhar para aquela gente. Compreendo que uma
pessoa vá ao cinema porque não tem nenhum programa melhor, mas ver alguém
querendo mesmo ir, e até andar mais depressa para chegar logo lá, isso me
deprime pra chuchu. Principalmente se vejo milhões de pessoas em pé numa
dessas filas compridas como o diabo, de dar volta no quarteirão, esperando com
a maior paciência sua vez de comprar a entrada e tudo. Puxa, eu só queria sair
dali o mais depressa possível. Tive sorte. Encontrei o disco na primeira loja em
que entrei. Pediram cinco dólares, porque era muito raro, mas não me importei.
Puxa, o troço me fez ficar feliz assim de repente. Mal podia esperar até chegar
no parque e ver se a Phoebe estava por lá, para dar o disco a ela.
Quando saí da loja, passei por uma farmácia e resolvi entrar. Estava
pensando em dar um telefonema para a Jane e saber se ela já tinha vindo de
férias. Entrei numa cabine e disquei. O problema é que a mãe dela atendeu e
desliguei depressa. Não estava com nenhuma vontade de me meter numa
conversa comprida com ela. Não me entusiasmo muito com a ideia de ficar
conversando pelo telefone com a mãe de garota nenhuma. Eu devia pelo menos
ter perguntado se a Jane já estava em casa. Isso não ia me arrancar nenhum
pedaço. Só que não estava com vontade. E a gente precisa estar com disposição
para fazer um troço desses.