Page 229 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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- Você já foi muito generoso. Você é um rapaz muito distinto.
Ela era mesmo muito boazinha. Me fazia lembrar um pouco a mãe do tal
Ernest Morrow, aquela que conheci no trem. Principalmente quando sorria.
- Gostamos muito de conversar com você - ela disse.
Falei que também tinha gostado muito de conversar com elas. E era
verdade mesmo. E acho que ainda teria gostado mais se o tempo todo não
estivesse preocupado com que, de repente, elas quisessem saber se eu era
católico ou não. Os católicos estão sempre procurando descobrir se a gente é
católico. Isso me acontece muito, em parte, eu sei, porque o meu sobrenome é
irlandês, e quase todos os descendentes de irlandeses são católicos. Realmente,
meu pai era católico. Mas abandonou a religião quando casou com minha mãe.
Mas os católicos estão sempre querendo saber se a gente é católico, mesmo sem
saber o sobrenome. No colégio Whooton, conheci um camarada católico, Louis
Shaney. Foi o primeiro garoto que eu conheci lá. Nós estávamos sentados nas
duas primeiras cadeiras, do lado de fora da droga da enfermaria, esperando a
chamada para o exame médico e, não sei como, começamos a conversar sobre
tênis. Ele se interessava por tênis e eu também. Ele me disse que nunca perdia o
torneio de Forest Hills, e eu disse que também não perdia. Aí ficamos falando de
alguns cobras durante algum tempo. Ele entendia um bocado de tênis, para um
garoto da idade dele. Entendia mesmo. Aí, logo depois, bem no meio da droga
da conversa, ele me perguntou: