Page 230 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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- Você reparou, por acaso, onde fica a igreja católica aqui na cidade?










                      Acontece que, pelo jeito de falar, a gente via logo que o que ele queria

               mesmo era descobrir se eis era católico. Queria mesmo. Não porque ele tivesse
               preconceito religioso ou coisa parecida, mas só porque queria saber. Ele estava
               gostando da conversa sobre tênis, mas a gente via logo que ele ia gostar mais
               ainda se eu fosse católico e tudo. Esse negócio me deixa maluco. Isso não quer
               dizer que o troço tenha estragado a nossa conversa nem nada - não estragou, não
               - mas melhorar é que não melhorou. Por isso fiquei contente das duas freiras não
               me  perguntarem  se  eu  era  católico.  Não  teria  estragado  a  conversa,  mas

               provavelmente ia tornar tudo diferente. Não que eu reprove os católicos. Não. Se
               eu  fosse  católico,  com  toda  a  certeza  faria  o  mesmo.  Mas,  de  certo  modo,  é
               parecido com o negócio das valises. O que eu quero dizer é que não contribui
               para tornar uma conversa agradável. É só isso.










                      Quando elas se levantaram para ir embora - as duas freiras - fiz uma coisa
               idiota,  que  me  deixou  um  bocado  sem  jeito.  Eu  estava  fumando  e,  quando
               levantei para me despedir, sem querer soprei fumaça no rosto delas. Não foi de

               propósito, mas soprei. Pedi um milhão de desculpas, e elas se mostraram muito
               educadas e boazinhas, mas assim mesmo fiquei encabulado.
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