Page 267 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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Quando saí do ringue de patinação me senti meio com fome, por isso entrei
num bar e pedi um sanduíche de queijo e um leite maltado. Depois fui até o
telefone público. Minha ideia era dar outro telefonema para a Jane e saber se ela
já estava em casa. O caso é que eu estava mesmo com a noite inteira livre e
pensei que, se ela estivesse em casa, podia levá-la para dançar ou qualquer outra
coisa em algum lugar. Nunca tinha dançado com ela nem nada, desde que nos
conhecemos. Uma vez a vi dançando e tive a impressão de que dançava muito
bem. Foi num baile de 4 de julho, lá no clube. Naquele tempo eu ainda não a
conhecia direito, e não achei um jeito de tirá-la para dançar. Ela estava com um
cara horroroso, um tal de Al Pike, que estudava em Choate. Eu só conhecia o
sujeito de vista, porque ele não arredava pé dali de perto da piscina. Usava uma
dessas sungas brancas, justíssimas no corpo, e vivia se atirando do trampolim
mais alto. Dava a mesma porcaria de mergulho o dia inteiro. Era o único que ele
sabia dar, mas se achava o máximo. Só tinha músculos e nenhum miolo. De
qualquer forma, ele é que era o par da Jane naquele baile. Não entendi o troço.
Juro que não. Depois que começamos a, andar juntos, perguntei à Jane como é
que ela agüentava sair com um sacana exibicionista feito o Al Pike. Respondeu-
me que ele não era exibicionista e que tinha um complexo de inferioridade.
Parecia estar mesmo com pena dele ou coisa que o valha, e não era fingimento,
não. Estava falando sério. Isso é uma coisa engraçada com as garotas. Sempre
que a gente fala com uma garota sobre algum camarada que é um perfeito sacana
- um mau caráter ou muito mascarado e tudo - ela vai logo dizendo que o sujeito
tem um complexo de inferioridade. Talvez tenha, mas isso não impede, na minha