Page 392 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 392
ficar sentado. Ainda estava com dor de cabeça, só que agora pior ainda, e acho
que nunca me senti tão deprimido em toda a minha vida.
Bem que eu não queria, mas comecei a pensar no Professor Antolini e no
que ele ia ter que dizer à mulher dele quando ela visse que eu não tinha dormido
lá nem nada. Essa parte até que não me incomodava muito, porque eu sabia que
o Professor Antolini era bastante inteligente para inventar alguma coisa para
dizer a ela. Podia dizer que eu tinha ido para casa ou coisa parecida. Essa parte
não me preocupava muito. O que me chateava mesmo era esse negócio de eu ter
acordado e encontrado o Professor fazendo festinha na minha cabeça e tudo.
Chegava a pensar que podia ter sido um engano meu e que, afinal de contas, ele
não estivesse me fazendo um carinho aveadado. Talvez ele só gostasse mesmo
era de fazer festinha na cabeça da gente, enquanto a gente dormia. Como é que
se pode ter certeza de um troço desses? É impossível. Comecei até a pensar se
não devia pegar minhas malas e voltar para a casa dele, como havia dito que ia
fazer. Pensei que, mesmo que fosse veado, ele tinha sido um bocado bom
comigo. Nem tinha se importado de eu telefonar tão tarde para ele, e me havia
dito que fosse imediatamente para lá, se quisesse. E tinha tido um trabalhão para
me aconselhar sobre aquele negócio da gente descobrir o tamanho da nossa
mente e tudo. E foi o único sujeito que chegou perto daquele garoto, o James
Castle, no dia em que ele morreu. Pensei nisso tudo. E, quanto mais pensava,
mais deprimido ficava.
Comecei a achar que talvez eu devesse voltar para a casa dele.
Possivelmente, ele só estava mesmo me fazendo festinha na cabeça à toa, sem
maldade nenhuma. Mas, quanto mais eu pensava no troço todo, mais deprimido
e confuso ia ficando. Para piorar tudo ainda, meus olhos estavam me
incomodando um bocado. Estavam irritados e ardendo, pela falta de sono. Além
disso eu estava começando a ficar resfriado e não tinha nem uma porcaria dum