Page 410 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
P. 410

- Pensei que você ia representar no teatro da escola e tudo. Pensei que você
               ia ser o Benedict Arnold naquela peça - falei, com uma voz um bocado dura. -
               Que é que você quer fazer? Sair da peça, é?










                      Isso fez ela chorar mais ainda. Fiquei satisfeito. De repente eu quis que ela

               chorasse  até  arrebentar.  Quase  tive  ódio  dela.  Acho  que  tive  mais  raiva
               principalmente  porque  ela  não  representaria  mais  na  peça  se  fosse  embora
               comigo.










                      -  Vamos  -  eu  disse.  Comecei  a  subir  outra  vez  as  escadas  do  museu.
               Resolvi o que ia fazer: deixava aquela mala doida na portaria do museu e aí ela
               podia apanha-la às três horas, quando saísse da escola. Sabia que ela não podia
               mesmo levar a mala para a escola.










                      - Vamos, agora vamos - repeti.










                      Mas  ela  não  subiu  comigo.  Não  houve  jeito  de  faze-la  ir  comigo.  Subi
               assim mesmo, deixei a mala na portaria e saí outra vez. Ela ainda estava lá, na
   405   406   407   408   409   410   411   412   413   414   415