Page 180 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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- Em Hollywood! Que fabuloso! Que é que ele está fazendo?
- Sei lá... Escrevendo - respondi. Não estava com vontade de discutir o
troço. Era evidente que ela achava um negócio espetacular, aquilo dele estar em
Hollywood. Quase todo mundo acha, principalmente as pessoas que nunca leram
nenhum dos contos que ele escreveu. Mas a coisa me deixa furioso.
- Que formidável - ela continuou. Aí me apresentou ao cara da Marinha,
um tal de Comandante Blop ou coisa que o valha. Era um desses sujeitos que
acham que vão parecer veados se não quebrarem uns quarenta dedos da mão da
gente na hora de serem apresentados. Pôxa, eu tenho ódio desse tipo de troço.
- Você está sozinho, meu querido? - a safada da Lillian perguntou. Ela
estava interrompendo a droga do trânsito todo na passagem. A gente via logo que
ela gostava um bocado de parar o trânsito. Tinha um garçon esperando que ela
saísse da frente, mas ela nem reparou no sujeito. Era engraçado. Estava na cara
que o garçon não gostava dela e que nem o cara da Marinha gostava muito dela,
embora estivesse saindo com ela. E eu não gostava muito dela. Ninguém
gostava. De certa maneira, a gente tinha que sentir pena da infeliz.